segunda-feira, 17 de julho de 2017

Firmino Alves, o jovem que fundou Itabuna


firminoe mudou a história tão logo chegou nas terras do sul da Bahia. Isso depois que seu tio, Félix Severino de Oliveira, ou do Amor Divino, mandou buscar seus irmãos com as famílias em Sergipe e deu a cada um deles uma área de terras lá para as bandas de um lugarejo chamado Burundanga. 

      


Ali, muitas árvores foram derrubadas para dar lugar à construção de casebres e, um pouco mais tarde, a primeira plantação de cacau da história de Itabuna, por volta de 1867. Foi a partir daí que surgiu o arraial de Tabocas. 
     


Uma terra de gente rústica, mas decidida e disposta a transformar a mata virgem em um lugar habitável e cada vez mais próspero. 
      


Hoje batizada Itabuna, é uma das principais cidades da região cacaueira, com mais de 200 mil habitantes. Mas o início não foi fácil e muito suor foi derramado nos cabos das enxadas. Trabalho nunca faltou. Nem esperança depositada numa terra fértil e produtiva. 
      
      Líder 
      


Em 1874, com a morte de José Alves, seu filho Firmino ficou com a responsabilidade de cuidar da família, além de administrar a casa comercial no antigo "Pouso de Tropas" (na Burundanga) e as fazendas de cacau que começavam a dar os primeiros frutos. 
      


De acordo com pesquisa do historiador Adelindo Kfoury, o jovem Firmino venceu todos os desafios e foi assim que surgiu um líder carismático, a quem se deve a consolidação da fundação do município e cidade de Itabuna. 
      


Embora muito jovem, Firmino mostrava uma capacidade de trabalho impressionante. Arguto e visionário, com 27 anos de idade resolveu mudar-se para o arraial de Tabocas, onde percebia melhores condições para progredir. 
      


Tratou de construir uma casa residencial e outra, vizinha, para onde transferiu o armazém que possuía na Burundanga. Bom administrador, Firmino prosperava e começou a tomar gosto pela política. Comprou mais algumas fazendas, entre elas a Boa Esperança, a maior de todas. 
      


Em "Jequitibá da Taboca", o escritor Oscar Ribeiro Gonçalves conta que o negociante Firmino Alves, "cristalizando-se no convite que formulara, mandou chamar de Salvador para o arraial homens de letras que trouxessem algo de civilização para esta zona”. 
      


Dentre os recém-chegados se destacava o engenheiro Olynto Batista Leone, pela tradição política de seu irmão, o Dr. Arlindo Leone, que na capital gozava de grande prestígio junto ao então governador, além de ser advogado de renome. 
      
      Crescimento 
      

Antes de distribuir convites a esses cidadãos, Firmino construiu uma casa para hospedar os novos habitantes, porque não havia em Tabocas hotéis nem pensões. A casa que serviu de hospedaria foi construída na rua da Areia (hoje Miguel Calmon). Já em Tabocas, o primeiro trabalho de Olynto Leone foi o de medição de terras. 
      

Não demorou muito para ingressar na política. Por volta de 1879, o arraial já contava com três casas residenciais, uma rancharia e uma escola, a primeira de Tabocas, tendo como professora Maria Rosa de Jesus, conhecida por "Rosa Camarão", apelido que recebeu porque, sendo branca, ficava com a pele vermelha com facilidade. 
      


Preocupado com a falta de profissionais, o fundador de Itabuna trouxe para cá médicos, professores, advogados, alfaiates, pedreiros, dentre outros. 
      


Ele lutou tanto para o desenvolvimento do arraial que durante anos chegou a oferecer mantimentos grátis para quem aceitasse o desafio de desbravar a mata e plantar cacau. 
      


Adelindo Kfoury conta, em seu livro "Itabuna, Minha Terra", que passando por Salvador o coronel Firmino Alves deixou ordens com seus correspondentes, Bessa Ribeiro e Domingos da Silva, para que fornecessem passagens, por sua conta, para quem fosse qualificado e desejassem vir trabalhar em Tabocas. 
      
      Emancipação 
      

O crescimento de Tabocas, ampliada pelo contingente de nordestinos mandados trazer por Firmino Alves, precipitou, em 1897, a discussão em torno da participação política do lugar diante de Ilhéus. A aspiração de autonomia motivou um grupo, liderados por Firmino, a solicitar ao Conselho Municipal de Ilhéus sua elevação à categoria de Vila. O pedido foi negado. 
      
Nove anos depois, Firmino Alves encaminhou um novo pedido diretamente ao governo do estado, quando o arraial contava com uma população estimada em 10 mil habitantes e uma arrecadação superior a 10 contos de reis. Em agosto de 1906 o arraial passou à condição de vila e, no mês seguinte, o governador assinava a lei 692, que desmembrava de Ilhéus a Vila de Tabocas. 
      

Quatro anos mais tarde, em 28 de julho de 1910, nascia Itabuna. Mas a luta dos pioneiros, somada a ousadia dos homens atuais pelo crescimento e desenvolvimento de Itabuna, nunca mais parou. 
 Além de fundador de Itabuna, Firmino foi grande ser humano. 

José Firmino Alves teve como principal adversário político o coronel Henrique Alves dos Reis que, embora tivesse Alves no sobrenome, não era seu parente. A participação de Firmino Alves na história de Tabocas e Itabuna daria um livro, mas A Região tentou fazer um resumo para o leitor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário